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NOVIDADES

Atualização: 26 de Março de 2020 IOIBD

Resumo das afirmações

Estas afirmações representam um resumo dos pareceres de especialistas e devem ser interpretadas de acordo com o caso específico de cada doente e o parecer do médico assistente responsável pelos cuidados de saúde desse doente. Estas afirmações não são diretrizes, podendo ser atualizadas consoante a evolução da situação e dos conhecimentos sobre esta.

  1. O risco de infeção por SARS-CoV-2 é igual para doentes com ou sem DII.
  2. Independentemente do tratamento, os doentes com doença de Crohn não estão em maior risco de infeção por SARS-CoV-2 do que a população geral.
  3. Independentemente do tratamento, os doentes com colite ulcerosa não estão em maior risco de infeção por SARS-CoV-2 do que a população geral.
  4. Não se sabe se a inflamação ativa decorrente da DII aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2.
  5. Não se sabe se o risco de desenvolver COVID-19 após a exposição a SARS-CoV-2 é maior nos doentes com DII do que nos doentes sem DII.
  6. Não se sabe se a taxa de mortalidade associada à COVID-19 é maior nos doentes com DII do que nos doentes sem DII.
  7. Os doentes ostomizados não estão em maior risco de desenvolver COVID-19.
  8. Os doentes com anastomose íleo-anal não estão em maior risco de desenvolver COVID-19.
  9. As cirurgias eletivas e os procedimentos endoscópicos devem ser adiados.
  10. Não se sabe se os profissionais de saúde com DII, que estejam a receber tratamento imunomodulador e que trabalhem num ambiente com casos suspeitos ou confirmados de COVID-19, devem continuar a trabalhar nesse mesmo ambiente.
  11. Os doentes com DII que estejam a receber tratamento imunomodulador não devem fazer quaisquer deslocações não essenciais.
  12. É seguro continuar a receber os tratamentos intravenosos em contexto hospitalar, desde que a unidade de saúde tenha um protocolo de rastreio implementado.
  13. O tratamento com 5-ASA não aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2.
  14. O tratamento com 5-ASA não aumenta o risco de desenvolvimento da COVID-19.
  15. Os doentes a tomar 5-ASA não devem diminuir a dose do tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  16. Os doentes a tomar 5-ASA não devem interromper o tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  17. Os doentes a tomar 5-ASA não devem interromper o tratamento se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.
  18. Os doentes a tomar 5-ASA não devem interromper o tratamento se desenvolverem COVID-19.
  19. O tratamento com budesonida não aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2.
  20. O tratamento com budesonida não aumenta o risco de desenvolvimento da COVID-19.
  21. Os doentes a tomar budesonida não devem diminuir a dose do tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  22. Os doentes a tomar budesonida não devem interromper o tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  23. Não se sabe se os doentes a tomar budesonida devem interromper o tratamento se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.
  24. Não se sabe se os doentes a tomar budesonida devem interromper o tratamento se desenvolverem COVID-19.
  25. O tratamento com prednisona (≥ 20 mg/d) aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2.*
  26. O tratamento com prednisona (≥ 20 mg/d) aumenta o risco de desenvolvimento da COVID-19.*
  27. Os doentes a tomar prednisona (≥ 20 mg/d) devem diminuir a dose do tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  28. Os doentes a tomar prednisona (≥ 20 mg/d) devem interromper o tratamento (com um regime de redução apropriado) para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  29. Os doentes a tomar prednisona (≥ 20 mg/d) devem interromper o tratamento (com um regime de redução apropriado) se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.
  30. Os doentes a tomar prednisona (≥ 20 mg/d) devem interromper o tratamento (com um regime de redução apropriado) se desenvolverem COVID-19.
  31. Não se sabe se o tratamento com azatioprina/6-MP aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2.
  32. Não se sabe se o tratamento com azatioprina/6-MP aumenta o risco de desenvolvimento da COVID-19.
  33. Os doentes a tomar azatioprina/6-MP não devem diminuir a dose do tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  34. Os doentes a tomar azatioprina/6-MP não devem interromper o tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  35. Os doentes a tomar azatioprina/6-MP devem interromper o tratamento se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.
  36. Os doentes a tomar azatioprina/6-MP devem interromper o tratamento se desenvolverem COVID-19.
  37. Não se sabe se o tratamento com metotrexato aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2.
  38. Não se sabe se o tratamento com metotrexato aumenta o risco de COVID-19.
  39. Os doentes a tomar metotrexato não devem diminuir a dose do tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  40. Os doentes a tomar metotrexato não devem interromper o tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  41. Os doentes a tomar metotrexato devem interromper o tratamento se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.*
  42. Os doentes a tomar metotrexato devem interromper o tratamento se desenvolverem COVID-19.
  43. Não se sabe se o tratamento com anti-TNFs aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2.
  44. Não se sabe se o tratamento com anti-TNFs aumenta o risco de COVID-19.
  45. Os doentes a receber tratamento com anti-TNFs não devem diminuir a dose do tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  46. Os doentes a receber tratamento com anti-TNFs não devem interromper o tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  47. Não se sabe se os doentes a receber tratamento com anti-TNFs devem interromper o tratamento se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.
  48. Os doentes a receber tratamento com anti-TNFs devem interromper o tratamento se desenvolverem COVID-19.
  49. O tratamento com vedolizumab não aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2.
  50. O tratamento com vedolizumab não aumenta o risco de COVID-19.
  51. Os doentes a receber tratamento com vedolizumab não devem diminuir a dose do tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  52. Os doentes a receber tratamento com vedolizumab não devem interromper o tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  53. Não se sabe se os doentes a receber tratamento com vedolizumab devem interromper o tratamento se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.
  54. Não se sabe se os doentes a receber tratamento com vedolizumab devem interromper o tratamento se desenvolverem COVID-19.
  55. O tratamento com ustecinumab não aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2.
  56. O tratamento com ustecinumab não aumenta o risco de COVID-19.
  57. Os doentes a receber tratamento com ustecinumab não devem diminuir a dose do tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  58. Os doentes a receber tratamento com ustecinumab não devem interromper o tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  59. Não se sabe se os doentes a receber tratamento com ustecinumab devem interromper o tratamento se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.
  60. Os doentes a tomar ustecinumab devem interromper o tratamento se desenvolverem COVID-19.
  61. Não se sabe se o tratamento com tofacitinib aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2.
  62. Não se sabe se o tratamento com tofacitinib aumenta o risco de COVID-19.
  63. Os doentes a tomar tofacitinib não devem diminuir a dose do tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  64. Os doentes a tomar tofacitinib não devem interromper o tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  65. Os doentes a tomar tofacitinib devem interromper o tratamento se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.*
  66. Os doentes a tomar tofacitinib devem interromper o tratamento se desenvolverem COVID-19.
  67. Não se sabe se os doentes a receber tratamento combinado com anti-TNF e tiopurina/metotrexato devem diminuir a dose de tiopurina/metotrexato para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  68. Os doentes a receber tratamento combinado com anti-TNF e tiopurina/metotrexato devem interromper o componente de tiopurina/metotrexato se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.
  69. Os doentes a receber tratamento combinado com anti-TNF e tiopurina/metotrexato devem interromper o componente de tiopurina/metotrexato se desenvolverem COVID-19.
  70. Os doentes a tomar medicamentos no âmbito de ensaios clínicos não devem interromper o tratamento para evitar a infeção por SARS-CoV-2.
  71. Os doentes a tomar medicamentos no âmbito de ensaios clínicos devem interromper o tratamento se tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2, mas não desenvolverem COVID-19.*
  72. Os doentes a tomar medicamentos no âmbito de ensaios clínicos devem interromper o tratamento se desenvolverem COVID-19.
  73. Os doentes com doença de Crohn ou colite ulcerosa moderada a grave (diagnóstico recente ou recidiva) devem continuar a receber o mesmo tratamento indicado na era pré-COVID-19.
  74. Os doentes com DII que tiverem um resultado positivo para SARS-CoV-2 e cujo tratamento para a DII seja interrompido, devem retomar o tratamento para a DII após o período de 14 dias (desde que não desenvolvam COVID-19).
  75. Os doentes com DII que desenvolverem COVID-19 e cujo tratamento para a DII seja interrompido, devem retomar o tratamento para a DII após a resolução dos sintomas da COVID-19.*
  76. Os doentes com DII que desenvolverem COVID-19 e cujo tratamento para a DII seja interrompido, devem retomar o tratamento para a DII após a obtenção de 2 resultados laboratoriais negativos para COVID-19 (teste PCR a exsudado nasofaríngeo)

* Afirmações com um maior grau de discordância entre os especialistas.

Anexo: Quais são os medicamentos discutidos aqui? Este quadro serve de referência para explicar os diferentes tratamentos mencionados no resumo.

TIPO DE TRATAMENTOTAMBÉM CONHECIDO COMO
5-ASAAsacol, Apriso, balsalazida, Dezicol, Lialda, mesalamina, mesalazina, Pentasa
Budesonida (esteroide com efeitos sistémicos limitados)Entocort, Uceris
Esteroides (a dose discutida corresponde a prednisona oral; ≥ 20 mg por dia)Prednisona, Medrol, hidrocortisona
Tiopurinas6-mercaptopurina, azatioprina, Azasan, Purinethol
MetotrexatoTrexal, Rheumatrex
Inibidores da JAKtofacitinib (Xeljanz)
Anti-TNFsadalimumab (Humira, Abrilada, Ajevita, Cyltezo, Hyrimoz, Hadlima), certolizumab pegol (Cimzia), golimumab (Simponi), infliximab (Remicade, Avsola, Inflectra, Ixifi Remsima, Renflexis)
Anti-IL12/23ustecinumab (Stelara)
Anti-integrinasvedolizumab (Entyvio), natalizumab (Tysabri)
Inibidores da calcineurina (não discutidos aqui)ciclosporina (Gengraf, Neoral, Sandimmune), tacrolimus (Prograf, FK506)
Nutrição enteral (não discutida aqui)

Fonte: IOIBD

Nota: Tradução Ana Sofia Correia (ASC Translations: www.asctranslations.pt). Tradução e adaptação da responsabilidade do Doença Crohn/Colite Portugal

NOVIDADES

3.ª entrevista do Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO, publicada a 27 de março de 2020

ENQUADRAMENTO E INTRODUÇÃO

Após as primeiras notificações de casos de síndrome respiratória aguda na cidade chinesa de Wuhan no final de dezembro de 2019, as autoridades chinesas identificaram um novo coronavírus como o principal agente causador. O surto evoluiu rapidamente, afetando outras regiões da China e outros países. Foram detetados casos em vários países asiáticos, bem como na Austrália, Europa, África, América do Norte e América do Sul. A 12 de fevereiro de 2020, o novo coronavírus passou a ser designado como síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2) e a doença associada é agora referida como COVID-19. A transmissão entre seres humanos foi confirmada, mas são necessárias mais informações para avaliar a extensão total deste modo de transmissão. As evidências da análise dos casos até à data indicam que a COVID-19 causa doença ligeira (isto é, não pneumonia ou pneumonia ligeira) em cerca de 80% dos casos, sendo que a maioria dos casos recupera, 14% têm doença mais grave e 6% têm doença crítica. A grande maioria das doenças mais graves e mortes ocorreu entre pessoas idosas ou com outras doenças crónicas subjacentes ( https://www.ecdc.europa.eu/en/current-risk-assessment-novel-coronavirus- situation).

O objetivo deste documento é proporcionar aos profissionais de saúde algum entendimento e conhecimento sobre os melhores cuidados que podemos prestar aos nossos doentes, particularmente àqueles que estão a receber tratamento imunossupressor/imunomodulador no atual contexto da epidemia de COVID-19.

Devido à urgência, a European Crohn’s and Colitis Organisation (ECCO) sugeriu reunir um grupo de gastroenterologistas com especial interesse em Infeções Oportunistas e especialistas em doenças infeciosas para disponibilizar regularmente orientações aos médicos da comunidade ECCO.

Estas orientações não substituem as recomendações das autoridades de saúde nacionais, devendo ser consideradas como informação adicional, que será atualizada quando necessário, com base no nosso melhor entendimento sobre esta nova doença. Da mesma forma, as orientações que se seguem não são acompanhadas de nenhuma recomendação da ECCO.

Este documento tem o formato de entrevista a gastroenterologistas e especialistas em doenças infeciosas provenientes de vários países europeus, tendo sido revisto pelo Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

  1. Devemos utilizar agentes biológicos/imunomoduladores de forma diferente em doentes idosos com DII e/ou em doentes com DII e comorbilidades em risco de COVID-19? Devemos diferenciar entre doentes idosos com DII que têm a doença controlada e não controlada? Devemos aplicar medidas adicionais nesta população vulnerável, em comparação com a população geral de doentes com DII?

Esta é uma questão importante para a qual, infelizmente, ainda não temos uma resposta exata. Contudo, devemos continuar a tentar tratar os doentes com DII tal como fazíamos na era pré-COVID-19. Dito isto, no caso dos doentes idosos, nomeadamente aqueles mais vulneráveis, será prudente tentar dar o nosso melhor para utilizar estratégias monoterapêuticas e limitar a utilização de imunomoduladores por precaução. Esta tem sido a prática padrão para muitos doentes, mesmo antes do aparecimento da COVID-19, por receio dos riscos acrescidos de infeção em doentes idosos com DII. A inflamação ativa, por si só, pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de infeções da DII. Além disso, queremos manter os nossos doentes fora do hospital neste momento, por isso é provável que os benefícios da continuação do tratamento superem atualmente os riscos de desenvolvimento de COVID-19. Ainda estamos a aprender sobre esta questão, mas manter os doentes idosos sem exacerbações (com imunossupressores/imunomodulares, se necessário) terá dois benefícios potenciais, para além de ajudar a controlar a DII: 1) potencialmente diminuir o risco de contrair COVID-19; 2) evitar que os nossos doentes se desloquem ao hospital, onde o risco de COVID-19 é maior. Os dados atualmente disponíveis mostram que a taxa de letalidade é mais elevada entre os doentes com 60 anos ou mais. Isto foi demonstrado de forma evidente num artigo de Onder et al na revista médica JAMA1, segundo o qual a taxa de letalidade entre os doentes com idade igual ou superior a 80 anos atingiu os 20%. Deste modo, os doentes idosos com DII, especialmente aqueles a receber tratamento imunossupressor, devem tomar todas as precauções recomendadas pelas autoridades de saúde locais/nacionais para as populações de risco, nomeadamente um distanciamento social mais rigoroso (por exemplo, pedindo a outras pessoas que façam as suas compras essenciais).

  1. Descrição da iniciativa SECURE-IBD e os primeiros resultados sobre aquilo que sabemos sobre os doentes com DII que desenvolveram COVID-19 ao nível mundial.

O Surveillance Epidemiology of Coronavirus (COVID-19) Under Research Exclusion (SECURE-IBD) é um registo internacional de doentes adultos e pediátricos com o propósito de monitorizar e notificar os desfechos da COVID-19 em doentes com DII. O SECURE-IBD (www.covidibd.org) foi desenvolvido em parceria com Crohn’s & Colitis Foundation, a International Organization for the Study of IBD (IOIBD), a European Crohn’s and Colitis Organisation (ECCO) e a North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (NASPGHAN). O objetivo do SECURE-IBD consiste em determinar rapidamente o impacto da COVID-19 nos doentes com DII, incluindo o impacto de fatores como a idade, comorbilidades e tratamentos para a DII nos desfechos da COVID-19. A equipa do SECURE-IBD está empenhada em disponibilizar atualizações regulares à comunidade de DII sobre o número de casos notificados e os respetivos desfechos, incluindo dados discriminados por região geográfica e por tratamento para a DII. As atualizações são divulgadas no website do projeto, por e-mail e no Twitter.

O registo SECURE-IBD recolhe dados anonimizados, em conformidade com os requisitos de “porto seguro” para a privacidade das informações ao abrigo do Health Insurance Portability and Accountability Act (HIPAA).2 O Departamento de Ética para a Investigação com Seres Humanos da UNC-Chapel Hill determinou que o armazenamento e a análise de dados anonimizados não constituem investigação com seres humanos e não necessitam de aprovação de um Conselho de Revisão Institucional (CRI).3

Até à data, o SECURE-IBD tem verificado um elevado nível de resposta. A 23 de março, mais de 23 000 visitantes de 120 países tinham acedido ao website do SECURE-IBD. Aprendemos imenso na última semana e temos o prazer de partilhar estes dados com todos. Visite o website www.covidibd.org regularmente pois a situação está a evoluir rapidamente e as informações são atualizadas frequentemente.

A 23 de março, tinha sido notificado um total de 41 casos de COVID-19 (22 casos de doença de Crohn e 19 casos de colite ulcerosa). Recebemos notificações de 13 países diferentes. Foram notificados dez internamentos e dois óbitos (um homem de 82 anos da Europa com colite ulcerosa ligeiramente ativa, doença de Alzheimer e doença cardiovascular, tratado com 4 g de messalazina por dia, e um homem de 25 anos, com colite ulcerosa moderadamente ativa, tratado com infliximab a cada 8 semanas e 15 mg de metotrexato uma vez por semana) Estão disponíveis mais informações, incluindo a discriminação dos casos por idade, sexo, geografia, tipo de doença e medicação, em www.covidibd.org. Consulte o separador Updates and Data.

Precisamos da sua colaboração! Notifique todos os casos de COVID-19 confirmados em doentes com DII, independentemente da gravidade. Os casos devem ser notificados após um período mínimo de 7 dias e após ter passado tempo suficiente para observar a evolução até à resolução da doença aguda e/ou morte. Além disso, divulgue o SECURE-IBD entre os seus colegas locais, nacionais e internacionais.

A cooperação, colaboração e comunicação internacionais permitir-nos-á otimizar os cuidados de saúde dos nossos doentes durante esta crise de saúde mundial sem precedentes. Estamos todos juntos!

Entrevista realizada em nome do Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO a

Michael David Kappelman

Professor de Pediatria e Professor Auxiliar de Epidemiologia

University of North Carolina at Chapel Hill

EUA

Ryan Ungaro

Professor Associado

The Susan and Leonard Feinstein IBD Center Dr. Henry D. Janowitz Division of Gastroenterology Icahn School of Medicine at Mount Sinai EUA

Nota

Dada a natureza dinâmica da infeção e o constante desenvolvimento de informações e evidências, algumas destas orientações serão atualizadas regularmente, com base em recomendações personalizadas para cada região, de acordo com as melhores evidências.

Neste momento, estão a ser criados dois projetos independentes para reforçar o nosso conhecimento sobre esta nova doença nos nossos doentes com DII. Convidamo-lo/a a participar.

O primeiro projeto é um inquérito da ECCO destinado a conhecer melhor a sua perspetiva e compreensão da situação atual. A pandemia de coronavírus é um momento difícil para todos, incluindo médicos e doentes com DII. É a primeira vez que qualquer um de nós está a passar por uma emergência semelhante, o que significa que é necessário lidar com situações complexas, das quais sabemos pouco ou nada e que evoluem todos os dias.

Por esta razão, convidamo-lo/a a participar num pequeno inquérito sobre a sua gestão atual, os seus receios e as dificuldades que enfrenta todos os dias no contexto desta importante pandemia global.

O preenchimento do inquérito demora apenas alguns minutos. Por favor, responda antes de 30 de março devido urgência da situação. Este projeto está disponível até 30 de março em: https://survey.ecco- ibd.eu/index.php/433996?lang=en

O segundo projeto é a iniciativa global da International Organization for the study of IBD (IOIBD) que se destina a registar atempadamente casos comprovados de COVID-19 nos nossos doentes com DII.

Referências

Nota: Tradução Ana Sofia Correia (ASC Translations: www.asctranslations.pt). Tradução e adaptação da responsabilidade do Doença Crohn/Colite Portugal

NOVIDADES

2.ª entrevista do Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO, publicada a 20 de Março de 2020

ENQUADRAMENTO E INTRODUÇÃO

Após as primeiras notificações de casos de síndrome respiratória aguda na cidade chinesa de Wuhan no final de dezembro de 2019, as autoridades chinesas identificaram um novo coronavírus como o principal agente causador. O surto evoluiu rapidamente afetando outras regiões da China e outros países. Foram detetados casos em vários países asiáticos, bem como na Austrália, Europa, África, América do Norte e América do Sul. A 12 de fevereiro de 2020, o novo coronavírus passou a ser designado como síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2) e a doença associada é agora referida como COVID-19. A transmissão entre humanos foi confirmada, são necessárias mais informações para avaliar a extensão total deste modo de transmissão. As evidências da análise dos casos até à data indicam que a COVID-19 causa doença ligeira (isto é, não pneumonia ou pneumonia ligeira) em cerca de 80% dos casos, sendo que a maioria dos casos recupera, 14% têm doença mais grave e 6% têm doença crítica. A grande maioria das doenças mais graves e mortes ocorreu entre pessoas idosas ou com outras doenças crónicas subjacentes ( https://www.ecdc.europa.eu/en/current-risk-assessment-novel-coronavirus- situation).

O objetivo deste documento é proporcionar aos profissionais de saúde algum entendimento e conhecimento sobre os melhores cuidados que podemos prestar aos nossos doentes em geral e particularmente àqueles que estão a receber tratamento imunossupressor/imunomodulador no atual contexto da epidemia de COVID- 19.

Devido à urgência, a European Crohn’s and Colitis Organisation (ECCO) sugeriu reunir um grupo de gastroenterologistas com especial interesse em Infeções Oportunistas e especialistas em doenças infeciosas para disponibilizar regularmente orientações aos médicos da comunidade ECCO.

Esta orientação não substitui as recomendações das autoridades de saúde nacionais, devendo ser considerada como informação adicional, que será atualizada quando necessário, com base no nosso melhor entendimento sobre esta nova doença. Da mesma forma, as orientações que se seguem não são acompanhadas de nenhuma recomendação da ECCO.

Este documento tem o formato de entrevista a gastroenterologistas e especialistas em doenças infeciosas provenientes de vários países europeus, tendo sido revisto pelo Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

1. Como podemos reorganizar a unidade de DII para as consultas regulares caso as autoridades nacionais decidam implementar medidas de restrição de circulação e distanciamento social, nomeadamente nos hospitais?
Para os doentes que necessitem de acompanhamento regular, recomenda-se o recurso a consultórios virtuais ou consultas online. Pode pedir-se aos doentes que enviem antecipadamente os resultados das análises laboratoriais e que respondem a pequenos questionários sobre os sintomas, medicação concomitante e quaisquer dúvidas que tenham. A equipa de DII pode agendar chamadas telefónicas com os doentes, no mesmo dia e hora da consulta que estava marcada. Se os doentes não puderem deslocar-se ao laboratório de análises clínicas devido às medidas de isolamento social, uma alternativa válida é a utilização de um autoteste da calprotectina fecal. Este teste pode ser feito por todos os doentes, incluindo aqueles em remissão a receber tratamento com biológicos por via subcutânea ou com pequenas moléculas.1 Os procedimentos endoscópicos devem ser limitados a casos em que os doentes apresentem sintomas moderados a graves, devendo-se adiar todos os exames endoscópicos de seguimento ou rastreio regulares. É fundamental implementar normas rigorosas de higiene em todos os procedimentos endoscópicos, de acordo com as recomendações nacionais.

2. Como podemos reorganizar a unidade de DII para as consultas realizadas no âmbito de ensaios clínicos aleatorizados caso as autoridades nacionais decidam implementar medidas de restrição de circulação e distanciamento social, nomeadamente nos hospitais?
Neste caso, há três possibilidades diferentes. Em primeiro lugar, neste momento, apenas os doentes sem alternativa terapêutica devem ser incluídos num ensaio clínico aleatorizado. Dado que esta situação pode prolongar-se, é essencial minimizar a exposição de fundo a corticosteroides em doentes que estejam a transitar entre o período de seleção e o início do estudo. Relativamente aos nossos doentes que foram incluídos em ensaios clínicos antes da epidemia, estamos a pedir aos promotores o seguinte: i) o adiamento das visitas de seguimento não essenciais ou a substituição destas por consultas virtuais; ii) a identificação de laboratórios locais que possam realizar as análises laboratoriais regulares exigidas pelo protocolo; iii) a reorganização da entrega domiciliária dos medicamentos do estudo, particularmente no caso de administração oral ou subcutânea. Neste sentido, os doentes apenas teriam de se deslocar ao hospital para as visitas indispensáveis (final da indução, realeatorização, final do estudo) e para receber os medicamentos por via intravenosa. A adaptação dos procedimentos do ensaio clínico neste contexto por parte dos promotores e coordenadores é algo muito importante a considerar pelas empresas de modo a encontrar um equilíbrio entre a necessidade de disponibilizar novos tratamentos aos doentes e a necessidade de cumprir as restrições impostas pelo Governo.

3. Em caso de urgência relacionada com a DII, com ou sem febre, como devemos proceder?
Todos os hospitais reestruturaram as vias de acesso aos cuidados e circulação dos doentes para evitar o contacto entre casos suspeitos de COVID-19 e os restantes doentes. Consoante os protocolos nacionais e locais, os doentes com sintomas compatíveis com COVID-19 não devem dirigir-se ao hospital, a menos que tenham sintomas respiratórios moderados a graves. É importante haver o contacto estreito com a unidade de DII de referência para disponibilizar as indicações certas na altura certa, nomeadamente quando é necessário ir ao hospital. Se o doente viver longe do centro de DII de referência, a equipa de DOO pode pedir que outra equipa de DII de um centro mais próximo assuma os cuidados desse doente no caso de internamento hospitalar. O mesmo pode aplicar-se em caso de exacerbações ou complicações da DII.

4. Em doentes assintomáticos com doença estabilizada há mais de 1 ano, devemos adiar os tratamentos intravenosos para limitar o contacto com o meio hospitalar? Se sim, quais os tratamentos IV que devemos adiar?
Os tratamentos intravenosos podem ser adiados dependendo do medicamento e das condições locais. No caso dos doentes com valores normais de calprotectina e/ou outros biomarcadores, o tratamento com infliximab pode ser adiado até à 10.ª semana.2 O ensaio clínico GEMINI demonstrou que os doentes aleatorizados de vedolizumab para placebo continuaram em remissão até à semana 24. Por isso, poderá considerar-se adiar o tratamento com vedolizumab por mais 4-8 semanas para lá da data prevista, de acordo com as circunstâncias locais. Contudo, a melhor estratégia será sempre manter o calendário original.

5. Há possibilidade de mudar de biológicos por via intravenosa para injeções subcutâneas? Em que circunstâncias podemos fazer ou não essa mudança?
No caso da doença de Crohn, a mudança eletiva de infliximab para adalimumab pode significar um risco acrescido de perda de resposta,3 por isso a mudança para o tratamento subcutâneo deve restringir-se a unidades onde o tratamento intravenoso já não esteja disponível. Nas unidades com possibilidade de agendar tratamentos intravenosos com possibilidade de evitar aglomerados e realizar a higienização apropriada entre doentes, o tratamento intravenoso com biológicos pode continuar a ser realizado. Pode considerar-se uma nova abordagem para os doentes que estejam a iniciar um novo biológico. Neste caso, o tratamento subcutâneo pode ser preferível, assim como um programa de educação dos doentes à distância e entrega da medicação ao domicílio. Dada a ausência de dados sobre a mudança eletiva e doentes com Colite Ulcerosa, não devemos mudar de infliximab para adalimumab ou golimumab.

6. Se um doente em tratamento com imunossupressores/imunomoduladores receber instruções para permanecer isolado em casa por suspeita de COVID-19 (febre, ligeira falta de ar), devemos recomendar o adiamento dos tratamentos? E isto aplica-se a todos os tratamentos?
Não há evidências de que os tratamentos com imunossupressores aumentam o risco de complicações da COVID-19 nem o risco de mau prognóstico. Esta decisão deve ser basear-se no equilíbrio entre o risco de exacerbação da DII e a evolução da COVID-19. Contagens baixas das células CD4+ T estão associadas a uma depuração de vírus mais longa e a uma evolução para um estado mais grave da doença,4 por isso poderá considerar-se a interrupção das tiopurinas no caso de suspeita de infeção. O mecanismo de ação do metotrexato não deve aumentar o risco de evolução para um estado mais grave da doença e de um pior prognóstico, mas poderá ser recomendável adiar a injeção. O tratamento com biológicos deve ser adiado até à resolução da infeção. Os inibidores das JAK podem reduzir o número de linfócitos, por isso poderá ser recomendável a interrupção até à resolução da infeção. A COVID-19 tem uma evolução (até à recuperação ou morte) de 3-4 semanas. Neste sentido, a interrupção temporária do tratamento imunossupressor não deve ter qualquer impacto no risco de exacerbação da DII.

7. Há outros indicadores de que os doentes a tomar esteroides apresentam um maior risco de pior prognóstico no caso de infeção?
A COVID-19 grave está associada à síndrome de libertação de citocinas (CRS). Estes doentes apresentam valores elevados das interleucinas IL-6 e IL-2R, e o tocilizumab (NCT04306705) obteve resultados promissores. A utilização de esteroides é um tópico controverso. Os especialistas sugerem evitar os esteroides durante a infeção por COVID-195. Contudo, por outro lado, a utilização a curto prazo de uma dose baixa de esteroides (< 0,5 mg–1 mg/kg durante 7 dias) poderá ser benéfica no controlo de inflamação generalizada e lesões pulmonares associadas a citocinas.5 Tal como sugerido por especialistas chineses, os benefícios e riscos devem ser cuidadosamente ponderados antes de utilizar corticosteroides durante a COVID-19.5

8. Em doentes com DII ativa, há algum medicamento para a DII que não devamos iniciar neste momento?
De modo geral, as exacerbações de DII devem ser tratadas de forma atempada para evitar a hospitalização e complicações que necessitem de cirurgia. Neste momento, podem ser utilizados todos os medicamentos indicados para o tratamento da DII. Como acima mencionado, a combinação de tiopurinas com esteroides ou anticorpos monoclonais deve ser feita com cautela porque uma contagem baixa de células CD4+ T pode atrasar a depuração do vírus.4 Pelo mesmo motivo, devemos evitar o tratamento com pequenas moléculas, exceto se não houver alternativas válidas.

Entrevista realizada em nome do Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO a:
Liang-Ru Zhu
Professora, Departamento de Gastroenterologia,
Union Hospital
Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, China

Ren Mao
Professor Associado,
Departamento de Gastroenterologia, Primeiro Hospital Afiliado da Universidade Sun Yet-sen, China
e Departamento de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição, Instituto de Doenças Digestivas e Cirurgia e Departamento de Inflamação e Imunidade, Lerner Research Institute
The Cleveland Clinic Foundation, Cleveland, Ohio, EUA
Gionata Fiorino
Departamento de Ciências Biomédicas, Universidade Humanitas, Milão, Itália
Centro de DII, Hospital de Investigação Humanitas, Rozzano, Milão, Itália

Thomas Schneider
Diretor de Doenças Infeciosas
Departamento de Medicina (Gastroenterologia, Doenças Infeciosas, Reumatologia)
Charité – Universitatsmedizin Berlin, Campus Benjamin Franklin
Berlim, Alemanha
Nota: Dada a natureza dinâmica da infeção e o constante desenvolvimento de informações e evidências, algumas destas orientações serão atualizadas regularmente, com base em recomendações personalizadas para cada região, de acordo com as melhores evidências.

Neste momento, estão a ser criados dois projetos independentes para reforçar o nosso conhecimento sobre esta nova doença nos nossos doentes com DII. Convidamo-lo/a a participar.

O primeiro projeto é um inquérito da ECCO destinado a conhecer melhor a sua perspetiva e compreensão da situação atual. A pandemia de coronavírus é um momento difícil para todos, incluindo médicos e doentes com DII. É a primeira vez que qualquer um de nós está a passar por uma emergência semelhante, o que significa que é necessário lidar com situações complexas, das quais sabemos pouco ou nada e que evoluem todos os dias.

Por esta razão, convidamo-lo/a a participar num pequeno inquérito sobre a sua gestão atual, os seus receios e as dificuldades que enfrenta todos os dias no contexto desta importante pandemia global.

O preenchimento do inquérito demora apenas alguns minutos. Por favor, responda antes de 30 de março devido urgência da situação. Este projeto está disponível até 30 de março em: https://survey.ecco-ibd.eu/index.php/433996?lang=en

O segundo projeto é uma iniciativa global da International Organization for the study of IBD (IOIBD) que se destina a registar atempadamente casos comprovados de COVID-19 nos nossos doentes com DII. Encorajamos os médicos de DII em todo o mundo a comunicar TODOS os casos de COVID-19 nos seus doentes com DII, independentemente da gravidade (incluindo doentes assintomáticos detetados através da triagem de saúde pública). A notificação de um caso ao registo Surveillance Epidemiology of Coronavirus (COVID-19) Under Research Exclusion (SECURE)-IBD deve demorar cerca de 5 minutos. Devem ser comunicados apenas casos confirmados de COVID-19, e após ter passado tempo suficiente para observar a evolução até à resolução da doença aguda e/ou morte. Com a colaboração de toda a nossa comunidade de DII, poderemos definir rapidamente o impacto da COVID-19 nos doentes com DII e o impacto de fatores como a idade, comorbilidades e tratamentos para a DII nos resultados da COVID-19. Este projeto, incluindo um resumo de todos os dados recolhidos até à data, está disponível em: https://covidibd.web.unc.edu

Referências
1. Fiorino G, Lytras T, Younge L, et al. Quality of care standards in inflammatory bowel diseases: a European Crohn’s and Colitis Organisation (ECCO) position paper. J Crohns Colitis 2020.
2. Papamichael K, Karatzas P, Mantzaris GJ. De-escalation of Infliximab Maintenance Therapy from 8- to 10-week Dosing Interval Based on Faecal Calprotectin in Patients with Crohn’s Disease. J
Crohns Colitis 2016;10:371-2.
3. Hoentjen F, Haarhuis BJ, Drenth JP, de Jong DJ. Elective switching from infliximab to adalimumab in stable Crohn’s disease. Inflamm Bowel Dis 2013;19:761-6.
4. Ling Y, Xu SB, Lin YX, et al. Persistence and clearance of viral RNA in 2019 novel coronavirus disease rehabilitation patients. Chin Med J (Engl) 2020.
5. Shang L, Zhao J, Hu Y, Du R, Cao B. On the use of corticosteroids for 2019-nCoV pneumonia. Lancet 2020;395:683-4.
6. Zhou W, Liu Y, Tian D, et al. Potential benefits of precise corticosteroids therapy for severe 2019- nCoV pneumonia. Signal Transduct Target Ther 2020;5:18-.
Tradução Ana Sofia Correia (ASC Translations: www.asctranslations.pt). Tradução e adaptação da responsabilidade do Doença Crohn/Colite Portugal

NOVIDADES

Sumário da Segunda Reunião da IOIBD

A Organização Internacional de Doenças Inflamatórias do Intestino (IOIBD) terminou há horas um webinar #IOIBD com 87 especialistas internacionais, incluindo imunologistas, patologistas e gastroenterologistas. Este webinar incluiu a participação de especialistas de epicentros da pandemia na China, Hong Kong, Itália e a atualização do registro de pessoas com DII infectadas pelo Covid-19 (http://covidibd.org).
Iremos publicar o relatório com as recomendações assim que fique disponível publicamente.

• Ter uma Doença Inflamatória do Intesitno não é um fator de risco para infeção pelo SAR-CoV-2 ou Covid19
• Não existe uma diferença de risco do SARSCoV2 e Covid19 entre Crohn e Colite Ulcerosa
• Ter inflamação ativa pode aumentar o risco de infeção por múltiplos mecanismos possíveis
• Pacientes com DII devem manter a sua medicação e manter remissão
• Ter a DII ativa poderá aumentar o risco de infeção e, consequentemente, poderá sobrecarregar o sistema de saúde
• Diarreia é um sintoma comum em pacientes com Covid19 e nos casos de DII que foram reportados
• Existe SARSCoV2 detetável nas fezes, mas a ordem de magnitude menores que na naso-faringe
• Transmissão fecal-oral não está confirmada, mas é aconselhado cuidado
• Hospitais de dia (com o protocolo apropriado) são seguros
• Troca de terapias endovenosas para terapia injetável não é recomendada nesta altura
• Adiar procedimentos endoscópicos não essenciais.
• Prednisona não é recomendada e pode aumentar o risco de infeção
• É aconselhado retirar a prednisona de forma segura, especialmente se o paciente esteve exposto ou foi infetado pelo SARSCoV2

Fonte: Dr. David T. Rubin
Tradução e adaptação da responsabilidade do Doença Crohn/Colite Portugal

NOVIDADES

TASKFORCE ECCO COVID-19 – RECOMENDAÇÕES EUROPEAN CROHN’S AND COLITIS ORGANISATION (ECCO)

Extracto da primeira entrevista da TASKFORCE ECCO COVID-19,
publicada a 13 de Março

O objetivo deste documento é fornecer aos profissionais de saúde algumas informações sobre os melhores cuidados de saúde que podem oferecer aos nossos pacientes em geral e em particular àqueles sob tratamento de imunossupressivos/ imunomodeladores durante a actual situação do Covid-19. Devido à ugência, a ECCO sugeriu reunir um grupo de gastroenterologistas com especial interesse em infecções oportunistas e peritos em doenças infeciosas, para que possam dar orientações regularmente para os médicos da comunidade ECCO.
Estas orientações não deverão nunca substituir as orientações das autoridades nacionais de saúde e deverão ser vistas como uma fonte adicional de informação que será atualizada quando necessário, na base do nosso melhor entendimento sobre esta nova doença.
O formato utilizado é de uma entrevista com gastroenterologistas e peritos em doenças infecciosas de vários locais na Europa e revisto pela Taskfoece ECCO COVID-19. A Taskfoece ECCO COVID-19 é composta por membros do grupo de Consenso de orientações de infecções oportunistas e membros do Grupo de Administração da ECCO, e peritos em doenças infeciosas.

PERGUNTAS e RESPOSTAS
O Covid-19 pode simular ou despoletar uma crise de DII?
De acordo com a evidência clinica e científica, os sintomas mais comuns para o Covid-19 são febre, fadiga, tosse seca, dores musculares e dificuldades respiratórias. Podem também surgir dores absominais, diarreia, nauseas e vómitos, embora com menos frequência.
A família do coronovírus provoca tanto doenças respiratórias como gastrointestinais. O SAR-CoV-2 está presente em quantidades substanciais em fezes de pessoas com Covid-19. Um relatório recente evidenciou que a diarreia foi o sintoma inicial de Covid-19, num jovem paciente masculino. Este caso sublinhou o potencial envolvimento do sistema gastrointestinal na transmissão do SARS-CoV-2. A atual evidência não suporta o Covid-19 como causador de infeções gastrointestinais. Contudo, esta situação não será de todo inesperada, uma vez que mesmo sem causar infeções gastrointestinais, o H1N1v esteve associado a crises moderadas durante a primeira semana de infeção viral, sobretudo em doentes com Colite Ulcerosa.

Devemos desencorajar os pacientes com DII, com doença estável, de ir ao Hospital?

Sim, se o Covid-19 estiver disseminado na comunidade. As estatísticas disponíveis são elucidativas: no início da epidemia em Wuhan, na China, de 138 pessoas infectadas, 57 (41,3%) foram presumivelmente infetadas no hospital. Destes, 40 eram profissionais de saúde e 17 doentes hospitalizados por outras razões. Por isso, doentes com DII devem ser avisados para:
1) Ter medicação suficiente em casa, se possível;
2) Mudar para injeções subcutâneas para evitar visitas ao hospital;
3) Limitar as saídas de casa;
4) Evitar multidões, dentro do possível.
Em zonas com múltiplos casos importados ou transmissão local limitada, onde a vigilância esteja ativa e a capacidade de teste seja eficaz, o risco é considerado de baixo a moderado (pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças). No caso de consultas/ exames críticos no hospital, os pacientes com DII deverão ser aconselhados a pôr em prática as medidas preventivas para o Covid-19: lavar as mãos com frequência; tossir ou espirrar num lenço e deitá-lo fora e lavar/ desinfetar as mãos de seguida; evitar contacto próximo com outras pessoas. O meio de transporte dos pacientes para o hospital é igualmente importante: pacientes deverão evitar autocarros e comboios, sobretudo em horas de ponta. A idade é um fator igualmente importante, pelo que idas ao hospital devem ser desencorajadas para pessoas mais velhas.

Os pacientes com DII a fazer um tratamento imunossupressor ou imunomodelador estão em risco acrescido de serem contaminados com Covid-19? Ou em risco de terem consequências mais graves caso fiquem contaminados?
Os pacientes com DII não estão em maior risco de serem contagiados com o Covid-19 e os dados sobre pacientes imunodeprimidos ou a fazer imunomedeladores e a infeção através do SARS-Cov-2 são bastante escassos. Os idosos e aqueles com comorbidades (doenças cardiovasculares, diabetes, doença respiratória crónica, hipertensão e cancro) estão em risco de uma infeção mais severa e com taxas de letalidade mais elevadas do que aqueles sem comorbidades. O risco de infeções severas (como as infeções respiratórias) é ligeiramente maior em pacientes sobre tratamento imunossupressor ou biológico, e é esperado que o mesmo aconteça com infeções pelo SARS-CoV-2. Apesar dos números serem anda limitados, parece que grupos com imunossupressão relativa, como as crianças muito jovens, mulher grávidas e pacientes com HIV, não parecem estar em risco mais elevado de complicações. Particular atenção deve ser dada a fumadores, para os quais existe evidência de alta suscetibilidade ao Covid-19. Isto está provavelmente relacionado com o facto que o tabaco aumenta a expressão genética de uma proteína cuja presença no sangue promove a secreção de aldosterona no sangue que pode dar origem a elevar a pressão arterial, ligando o recetor para este vírus.

Como podemos reduzir o risco dos nossos pacientes com DII de serem contagiados pelo Covid-19?

Como o SARS-CoV-2 se replica de forma eficiente no trato respiratório superior, indivíduos infetados produzem uma larga quantidade de vírus nesta região durante o período de incubação. Nesta fase, devido à ausência de sintomas, os indivíduos mantêm as suas atividades habituais, contribuindo para o contágio.
Como ainda não está disponível uma vacina, a exposição ao SARS-CoV-2 é a chave para diminuir o risco de infeção.
As medidas gerais de prevenção são:
– Evitar contacto com pessoas infetadas;
– Evitar tocar nos olhos, nariz e/ ou boca com as mãos por lavar;
– Lavar as mãos com frequências com sabão/ sabonete e água, durante pelos menos 20 segundos e/ ou usar desinfetante para as mãos com 60 a 90% de álcool.
Este procedimento é particularmente importante depois de ir à casa de banho, antes de comer, depois de tossir, espirrar ou assoar o nariz. Sabão/ sabonete e água deve ser usado se as mãos estão visivelmente sujas. Sempre que possível, tratamento com esteroides deve ser revisto, uma vez que podem aumentar o risco de infeção severa.

Os pacientes com DII devem parar os tratamentos imunossupressores/ imunomodeladores durante a infecção pelo Covid-19?
Devido ao período que demora a maioria dos imunossupressores a saírem totalmente do corpo (como a aziotropina e o mexotrato) e os biológicos, a suspensão de tratamento imunossupressor/ imunomodelador não é muito útil nos casos leves ou moderados de doença provocada pelo Covid-19.
Uma exceção é feita para os corticoidesteroides: os dados disponíveis sugerem um aumento da mortalidade e taxas de infecção secundária em infecções por influenza e depuração comprometida pelo SARSCoV e MERS-CoV, juntamente com complicações da terapia com corticosteróides em sobreviventes. Em relação à infeção por SARSCoV-2, os esteróides não foram eficazes para o tratamento de lesão ou choque pulmonar. Neste contexto, a suspensão da terapia com esteroides será recomendada.
Em pacientes graves e críticos, o risco de mais efeitos colaterais e mais interações medicamentosas em pacientes em tratamento imunossupressor / imunomodulador deve ser considerado e avaliado. Nestes casos, a suspensão destes medicamentos provavelmente seria aconselhável.

Caso vivam numa zona endémica, os pacientes com DII deverão para de tomar os tratamentos imunossupressores e/ ou imunomodeladores?
A evidência atual não apoia a suspensão do tratamento em pacientes que vivem numa área endémica nem foram recomendadas antes em situações semelhantes, principalmente durante a infeção por SARS-CoV ou a pandemia de H1N1v. No entanto, estratégias de mitigação para reduzir o risco durante terapias de infusão, em hospital de dia, devem ser implementadas. A decisão pode ser diferente no caso de iniciar o tratamento imunossupressor / imunomodulador. Sempre que possível, durante a epidemia de COVID-19, o tratamento deve ser adiado com base em uma avaliação de risco individual.

Os pacientes com DII devem parar de tomar tratamento imunossupressor / imunomodulador ou tomar outras medidas se tiverem contato próximo com alguém com infeção comprovada por COVID19?

No caso de um contacto próximo com uma pessoa infetada com COVID-19 comprovada, os pacientes com DII devem ser seguidos de acordo com as recomendações nacionais, como qualquer outra pessoa. O isolamento social é um fator-chave, sendo crucial o acompanhamento cuidadoso e a avaliação médica imediata em caso de desenvolvimento dos sintomas. O Ro para COVID19 (o número de pessoas que um paciente com COVID-19 pode infetar) é estimado em 2,5, e focos de contaminação são comuns. Ao contrário do SARS-CoV, a transmissão do SARS-CoV-2 pode ocorrer durante o período de incubação quando os infetados estão levemente doentes e realizam atividades usuais, o que contribui para a disseminação da infeção. No entanto, os dados sobre os efeitos da suspensão do tratamento são escassos e não parece razoável interromper a medicação.

O que devo aconselhar a pacientes com DII que desejam viajar para áreas endémicas?
Os pacientes com DII devem ser desencorajados a viajar para áreas endémicas, nas quais a transmissão pela comunidade é evidente. Em 8 de março de 2020, o Centro de Controlo de Doenças do EUA, aconselhou os viajantes, especialmente aqueles com condições médicas subjacentes, a “adiar todas as viagens de navios de cruzeiro em todo o mundo”, dado o aumento do risco de transmissão de SARS-CoV-2 de pessoa para pessoa. Os idosos e aqueles com problemas de saúde devem evitar locais lotados, voos longos e outras situações potencialmente de alto risco.

Entrevista realizada pela Prof. Dr.ª Cândida Abreu, Hospital de São João do Porto, Departamento de Doenças Infecciosas, pela Task Force COVID-19 ECCO

Nota: Uma vez que a infeção é dinâmica e o conhecimento e a evidência estão a crescer rapidamente, algumas destas orientações serão atualizadas regularmente para cada região, de acordo com a melhor evidência disponível.
Dois projetos independentes foram recentemente lançados para aumentar o nosso conhecimento desta nova doença e o impacto nos doentes com DII. Encorajamos a que participem!
O primeiro projeto é um inquérito da ECCO para melhor compreensão e entendimento de cada um sobre a situação atual. A pandemia do coronavirus é um tempo difícil para todos, incluindo médicos e pacientes com DII. Nenhum de nós experienciou algo similar, que requer lidar com situações complexas, para as quais temos pouco ou nenhum conhecimento, e que evolui diariamente.
Por este motivo, convidamos a que participem num pequeno inquérito sobre a vossa gestão atual dos medos e das dificuldades que estão a enfrentar diariamente neste difícil e sério contexto global. Este inquérito demorará apenas alguns minutos e pedimos que respondam antes do dia 20 de Março tendo em conta o corrente contexto de emergência.
O projeto está acessível através do seguinte link: https://survey.ecco-ibd.eu/index.php/433996?lang=en

O segundo projeto é uma iniciativa global da Organização Internacional para o Estudo da DII (IOIBD em inglês) para registar em tempo útil casos confirmados de Covid-19 em doentes com DII. Encorajamos ao corpo clínico de todo o mundo para reportar TODOS os casos de Covid-19 nos seus pacientes com DII, independentemente da severidade dos sintomas (incluindo pacientes assintomáticos detetados através de exames de saúde pública).
Reportar um caso a este mecanismo registro da Vigilância Epidemiológica do Coronavirus sob a Pesquisa de Exclusão (SECURE)-IBD demora cerca de 5 minutos.
Com a colaboração de toda a comunidade DII, poderemos rapidamente definir o impacto do Covid-19 em pacientes com DII e fatores como idade, comorbidades e tratamentos da DII impactam os resultados finais do Covid.
Este projeto está acessível no seguinte link: https://covidibd.web.unc.edu/

Informação disponibilizada pela ECCO: https://ecco-ibd.eu/publications/covid-19.html
Tradução responsabilidade do Doença de Crohn/ Colite Portugal.

NOVIDADES

COMUNICADO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DE DOENÇAS AUTOIMUNES (NEDAI) DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA INTERNA (SPMI)

Comunicado do Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI)

NEDAI demonstra maior preocupação com doentes autoimunes

Recomendações de prevenção do COVID-19 em doentes imunossuprimidos
O Núcleo de Estudos de Doenças Auto-imunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) está a divulgar várias recomendações para prevenir a infeção por COVID-19 nos doentes com imunossupressão, por doenças autoimunes sistémicas.

Nas várias recomendações, pode ler-se:
1. Deve ser considerado que a maioria dos doentes tem condições de saúde que não permitem a suspensão de fármacos imunossupressores: o risco de agravamento da doença de base ou perda de eficácia dos fármacos é na maioria das vezes superior ao risco de contrair a infeção e de ter complicações da mesma.

2. A manutenção ou redução da medicação imunossupressora deve ser ponderada caso a caso, de acordo com a gravidade da doença de base e probabilidade de complicações graves da infeção por COVID-19 (nomeadamente comorbilidades associadas). A decisão deve ser tomada pelo internista assistente em consonância com o doente e deve ser tida em linha de conta a semivida dos fármacos utilizados.

Nos doentes com doenças autoimunes sob imunossupressão crónica com exposições de risco (ex. profissionais de saúde, atendimento a público, trabalho em aglomerados comerciais, professores), o contágio com complicações graves pela infeção por COVID-19, à falta de melhor conhecimento científico, deve ser considerado elevado, pelo que também se recomenda:
• Comunicação imediata da sua situação de risco profissional à autoridade de saúde local competente.
• Esta deve analisar o risco epidemiológico global de todo o agregado familiar.
• Devem ser estabelecidas medidas de diminuição de risco de contágio para todo o agregado familiar, que poderão contemplar: alocação laboral de menor risco, trabalho no domicílio com utilização de novas tecnologias ou, se de todo impossível, sugerir o isolamento social profilático.
• A manutenção de consultas presenciais hospitalares de controlo e rotina de doentes estáveis, devem ser avaliadas pelo médico assistente. As consultas hospitalares urgentes devem ser mantidas. É muito importante que as Consultas de Doenças Autoimunes se desenvolvam através de formas de contacto virtual com os médicos assistentes responsáveis.

“Estas recomendações não incluem todas as situações possíveis, e não devem sobrepor-se a novas indicações que a Tutela venha a emitir. Os doentes devem cumprir rigorosamente as medidas da Tutela para controlo da disseminação comunitária”, afirma António Marinho, coordenador do NEDAI.

Sobre a SPMI
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) é uma das maiores sociedades científicas médicas portuguesas, que congrega os internistas, que são a base do Serviço Nacional de Saúde nos hospitais. Um dos seus maiores desígnios é a divulgação do conhecimento, dirigida aos médicos e à população, no campo muito vasto da Medicina Interna. Para além da Medicina Curativa, quer ser também cada vez mais reconhecida no campo da prevenção da doença e promoção da saúde. Para mais informações consulte https://www.spmi.pt/

Sobre o NEDAI
O Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) centra a sua atuação na investigação, formação e consciencialização de profissionais de saúde e da população no âmbito das doenças autoimunes. Este grupo é constituído por internistas associados da SPMI.

NOVIDADES

RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL PARA O ESTUDO DAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO (DII) – IOIBD

Com base nas recomendações da Organização Internacional para o estudo das Doenças Inflamatórias do Intestino (DII) – IOIBD – e da Direcção Geral de Saúde de Portugal, segue-se um pequeno resumo do que se sabe e algumas recomendações para as pessoas com uma doença inflamatória do intestino:

O que são o coronavírus?

Os coronavírus são uma família de vírus que podem causar doenças desde a constipação comum a doenças mais graves. A nova cepa de coronavírus denominada SARSCoV2 foi detetada pela primeira vez em Wuhan, China, e causa a doença de coronavírus COVID19.

Como o coronavírus é transmitido?

O coronavírus é transmitido via gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infetada espirra ou tosse e pode infetar pessoas em contacto próximo (no raio de cerca de um metro). Tocar em superfícies contaminadas antes de tocar nos olhos / nariz / boca também pode levar à infeção.

Quais os sinais e sintomas?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infeção respiratória aguda como febre, tosse e dificuldade respiratória.
Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

Como o COVID19 se compara à gripe sazonal?

Ambas são doenças respiratórias infeciosas que apresentam sintomas como febre, tosse e falta de ar. Ambos podem levar a doenças graves, especialmente em pessoas idosas e com condições médicas anteriores. Uma diferença é que se pode ser vacinado contra a gripe, mas ainda não existe uma vacina disponível para o COVID19. Os estudos de fase 1 de uma possível vacina terão início nos próximos 2 meses, de acordo com os Centros de Controlo de Doenças dos EUA. As medidas de prevenção são comuns tanto para o COVID19 como para a gripe (ver abaixo “Como posso proteger-me”)

O que isso significa para pacientes com DII?

A DII é uma condição de um sistema imunológico hiperativo e geralmente é tratada com modificação ou supressão imune. Os pacientes com DII em uso de medicamentos imunossupressores são, em geral, mais suscetíveis à infeção. Especificamente, usar esteróides ou moduladores imunológicos como azatioprina ou 6-mercaptopurina ou metotrexato pode aumentar o risco de um paciente com DII de infeções virais. Até ao momento, não há pesquisas específicas sobre o IBD no COVID19.

Quais são as recomendações atuais para pacientes com DII relacionadas ao COVID19?

Muitos pacientes já perguntaram se deveriam interromper os seus medicamentos. Medicamentos como messalazina (nomes de marcas incluem Asacol, Apriso, Balsalazida, Lialda, Pentasa, Salofalk) são todos seguros. É sempre uma boa ideia deixar esteróides como prednisona / prednisilona, apenas se isso for possível e mediante indicação do médico assistente. As tiopurinas (6-mercaptopurina, azatioprina) e tofacitinibe tendem a inibir a resposta imune do corpo a infeções virais. As tiopurinas levam meses para deixar o corpo. Assim, interromper estes medicamentos não ajudará a curto prazo. Os produtos biológicos para tratar a DII, como anti-TNFs (Humira, Remicade, Simponi), ustekinumab (Stelara), vedolizumab (Entyvio) são seguros. No momento, não recomendamos a interrupção destes medicamentos. Além disso, o efeito destes medicamentos permanece no corpo, em muitos casos, por meses. Estas recomendações serão atualizadas à medida que haja mais dados disponíveis.

Necessito de usar máscara facial se estiver em público?

De acordo com a situação atual em Portugal, não está indicado o uso de máscara para proteção individual, exceto nas seguintes situações:
• Pessoas com sintomas de infeção respiratória (tosse ou espirro);
• Suspeitos de infeção por COVID-19;
• Pessoas que prestem cuidados a suspeitos de infeção por COVID-19.

Como posso proteger-me?

1. Evite estar em contacto próximo com pessoas doentes.
2. Lave as mãos com frequência. Deve lavá-las sempre que se assoar, espirrar, tossir ou após contacto direto com pessoas doentes.
3. Evite tocar seu nariz, olhos e boca.
4. Tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o cotovelo, nunca com as mãos; deitar sempre o lenço de papel no lixo);
4. Procure atendimento médico em caso de febre, tosse ou dificuldade em respirar.

Links úteis:

Direcção Geral de Saúde
Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças
Organização Mundial de Saúde