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A Associação Ritual Purple - Crohn/Colite Portugal é mantida por um grupo de pessoas com Doença

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Categoria: NOVIDADES

NOVIDADES

‼️MEDIDAS DE APOIO EDUCATIVAS AOS ALUNOS QUE DEVAM SER CONSIDERADOS DOENTES DE RISCO NO ÂMBITO DA COVID-19 ‼️

Foi publicado o Despacho n.º 8553-A/2020 que prevê a possibilidade de aplicação de medidas de apoio educativas aos alunos que, de acordo com as orientações da autoridade de saúde, devam ser considerados doentes de risco e que se encontrem impossibilitados de assistir às atividades letivas e formativas presenciais em contexto de grupo ou turma.

Neste contexto, são aplicáveis a estes alunos, as seguintes medidas educativas:

a) Condições especiais de avaliação e de frequência escolar;

b) Apoio educativo individual em contexto escolar ou no domicílio, presencial ou à distância, através da utilização de meios informáticos de comunicação.

Compete aos pais e encarregados de educação, ou aos alunos, quando maiores, requerer junto do agrupamento de escolas ou escola não agrupada (doravante escola) onde o aluno se encontra matriculado, a opção pela mobilização das medidas nos termos previstos no despacho. Os pais ou encarregados de educação devem ser ouvidos na determinação das medidas a adotar e ter acesso a toda a informação sobre a aprendizagem do seu educando.

Compete às escolas a determinação das medidas de apoio educativo aplicáveis a cada aluno, as quais integram o plano de desenvolvimento das aprendizagens do aluno. O plano referido é elaborado pela escola e contém uma planificação das aprendizagens, a qual tem em consideração as medidas previstas no relatório técnico-pedagógico, quando exista, que podem ser objeto de reformulação em função do novo contexto.

A escola onde o aluno se encontra matriculado assegura a manutenção do seu lugar na respetiva turma até ao regresso do aluno à frequência presencial.

Podem ler o despacho na íntegra aqui: https://dre.pt/application/conteudo/142124837

Aqui poderão ler as orientações da DGS para as escolas em caso de caso positivo: https://www.dgs.pt/documentos-e-publicacoes/referencial-escolas-controlo-da-transmissao-de-covid-19-em-contexto-escolar.aspx

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NOVIDADES

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NOVIDADES

REGRESSO ÀS AULAS EM SEGURANÇA!

A Associação Crohn/Colite PT enviou carta à Direcção Geral da Saúde, Direcção Geral da Educação, com o conhecimento do Gabinete do Ministro da Saúde e Educação a relembrar que na nossa comunidade  existem alunos, pessoal docente e não docente, em que o seu tratamento para a Doença Inflamatória do Intestino inclui terapêuticas imunossupressoras. Este facto, coloca-os grupo de risco  de COVID19, tal como definido nas orientações da Direcção Geral da Saúde. Outros, além deste tipo de doença crónica, há casos que têm outras doenças que também os colocam no grupo de risco a desenvolver COVID19 severa, no caso de serem infetados com SARS-Cov-2.

Em Setembro, iniciar-se-á mais um ano letivo, desta feita, com desafios acrescidos tendo em conta as circunstâncias que se vivem. As orientações emitidas pela Direção geral de Saúde, e distribuídas pelas escolas e agrupamentos escolares, carece de medidas específicas no que concerne a grupos de risco da comunidade escolar: designadamente alunos, docentes e pessoal não docente.

Torna-se, por isso, urgente este esclarecimento de medidas específicas para que o planeamento do ano letivo garanta a segurança de todos aqueles identificados como pertencendo a grupos de risco.

A Associação solicitou a implementação de orientações e medidas no terreno, que possam garantir o acesso à educação de forma segura e inclusiva a todos aqueles que fazem parte de grupos de risco, tal como identificado pela Direção Geral de Saúde e autoridades internacionais.

NOVIDADES

CARTA DA ASSOCIAÇÃO CROHN/COLITE PT AO MINISTÉRIO DA SAÚDE

No passado dia 28 de Julho, a Associação Crohn/Colite PT enviou email endereçado à Ministra da Saúde, realçando alguns aspectos importantes a ter em conta, nomeadamente:

  1. a) Medidas propostas na resolução da Assembleia da República que podem ser inseridas de imediato no Orçamento de Estado para 2021: eliminação do pagamento das taxas moderadores e criação de um cartão de acesso prioritário a instalações sanitárias em locais públicos ou acessíveis ao público e a instalações sanitárias em estabelecimentos comerciais destinadas aos funcionários
  2. b) Continuidade do acesso e prestação dos cuidados de saúde a pessoas com doença inflamatória do intestino, incluindo a retoma das consultas, exames e cirurgias adiadas no âmbito da resposta à pandemia;
  3. c) Acesso a medicação fornecida por farmácia hospitalar, em farmácia comunitária a designar utente;
  4. d) Revisão da portaria 351/2017, de 15 de Novembro, que limita o acesso às terapias biotecnológicas (biológicos) com comparticipação apenas ao Sistema Nacional de Saúde
  5. e) Comparticipação, desde que prescrito por médico especialista, de nutrição clínica e outros suplementos, e vacinação necessária no âmbito do protocolo de administração de alguns tratamentos imunossupressores, assim como futura vacina para a Covid-19;
  6. f) Indisponibilidade de medicamentos em Portugal, nomeadamente a colesterimina (nome comercial (Quantalan) sendo necessária a sua importação, feita caso a caso, com um custo seis vezes superior ao custo do medicamento quando estava disponível em Portugal (valor deste medicamento é de, atualmente 33,50€ quando, anteriormente, mesmo sem comparticipação, era disponibilizado por cerca de 5€).

A Associação Crohn/Colite PT colocou-se à disposição para colaborar com as entidades responsáveis na implementação destas medidas.

NOVIDADES

DISPONIBILIDADE DE COLESTIRAMINA

Foi feita pergunta ao Ministério da Saúde, dirigida pelos Srs. Deputados Mariana Silva e José Luís Ferreira (do Partido Os Verdes) e pelos Srs. Deputados Paula Santos e João Dias (do PCP), sobre a indisponibilidade do medicamento «colestiramina».

Este medicamento (nome comercial Quantalan) está indisponível Portugal há mais de um ano, sendo possível a importação directa pelas farmácias comunitárias de acordo com a Circular Informativa do Infarmed Infarmed n. 154/CD/100.20.200, de 21/10/2019, que estabelece o procedimento para importação do medicamento directamente pela farmácia comunitária assim como o preço máximo a cobrar ao utente (33,50€).

Mais informação abaixo:

PERGUNTA PCP

PERGUNTA PEV

Colestiramina – Circular Informativa

NOVIDADES

A PETIÇÃO – DEVAGAR SE VAI AO LONGE

MAIS UMA BATALHA GANHA!

Foi publicada, no Diário da Assembleia da República, a recomendação ao Governo, no seguimento do processo iniciado pela nossa petição (lançada em 2018).

Devagarinho, a luta por todos aqueles que têm uma Doença Inflamatória do Intestino continua.

NOVIDADES

REOSPITALIZAÇÕES POR DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL CUSTAM 3,1 MILHÕES POR ANO

Em Portugal, as reospitalizações por doença inflamatória intestinal (DII), que inclui a doença de Crohn e a Colite Ulcerosa, custam cerca de 3,1 milhões por ano, de acordo com um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS).

O trabalho, coordenado por Cláudia Camila Dias (FMUP/CINTESIS) e Fernando Magro (FMUP/CHSJ), tinha como objetivo calcular o peso das reospitalizações de doentes que sofrem de doença inflamatória intestinal e identificar os principais fatores de risco. Nesse sentido, foram avaliadas cerca de 48 mil hospitalizações relacionadas com a doença registadas entre 2000 e 2015 através de uma base de dados administrativa fornecida pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

Os investigadores concluíram que um terço (33%) das hospitalizações por doença inflamatória intestinal registadas nos hospitais públicos portugueses são reospitalizações, tendo-se verificado um aumento de 12% nos 16 anos do estudo.

Ao todo, foram contabilizadas quase 16 mil reospitalizações por doença inflamatória intestinal. A esmagadora maioria é por doença de Crohn (77%). Destes doentes, a maior parte tem idades entre os 20 e os 39 anos e é do sexo feminino.

O custo médio com essas reospitalizações também regista uma subida: dos 14.589 euros por hospitalização/ano, em 2000, passa-se para 17.548 euros por hospitalização/ano, em 2015. Só neste ano, elas custaram 3,1 milhões de euros. É sensivelmente o dobro dos custos totais com as hospitalizações relacionadas com a doença.

COMO REDUZIR O “PESO” DA DOENÇA

Entre os fatores de risco para novas hospitalizações entre estes doentes estão a idade abaixo dos 20 anos e a ocorrência de doença penetrante (caracterizada por perfuração abdominal, fístulas ou abcesso), na doença de Crohn. Já na Colite Ulcerosa, salientam-se os hábitos tabágicos, a malnutrição, a anemia e a perda de peso, além da cirurgia de estoma (abertura feita no intestino).

A equipa, que tem Mafalda Santiago (investigadora da FMUP e do CINTESIS) como primeira autora e conta com membros do Grupo de Estudos da de Doença Inflamatória Intestinal (GEDII), conclui que estas reospitalizações têm de ser “monitorizadas de perto” e que devem ser feitos “esforços para reduzir os seus fatores de risco, de modo a melhorar a qualidade dos cuidados e, consequentemente, reduzir o peso da doença” no nosso país.

A doença inflamatória intestinal é uma doença crónica mediada pelo sistema imune, cujas causas se mantêm por esclarecer, associando-se a custos económicos significativos, quer diretos (internamentos e tratamentos), quer indiretos (baixas médicas, perdas de produtividade, etc.). Estima-se que afete aproximadamente 0,3% da população portuguesa, uma percentagem que deverá aumentar nos próximos anos.

Fonte: https://noticias.up.pt/rehospitalizacoes-por-doenca-inflamatoria-intestinal-custam-mais-de-3-milhoes-por-ano/

NOVIDADES

Maioria dos doentes com DII tem medo que a medicação aumente o risco de contrair a COVID-19

Maioria dos doentes com DII tem medo que a medicação aumente o risco de contrair a COVID-19

NOVIDADES

6.ª entrevista do Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO, publicada a 29 de abril de 2020

ENQUADRAMENTO E INTRODUÇÃO

Após as primeiras notificações de casos de síndrome respiratória aguda na cidade chinesa de Wuhan no final de dezembro de 2019, as autoridades chinesas identificaram um novo coronavírus como o principal agente causador. O surto evoluiu rapidamente afetando outras regiões da China e outros países. Foram detetados casos em vários países asiáticos, bem como na Austrália, Europa, África, América do Norte e América do Sul. A 12 de fevereiro de 2020, o novo coronavírus passou a ser designado como síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2) e a doença associada é agora referida como COVID-19. A transmissão entre seres humanos foi confirmada, mas são necessárias mais informações para avaliar a extensão total deste modo de transmissão. As evidências da análise dos casos até à data indicam que a COVID-19 causa doença ligeira (isto é, não pneumonia ou pneumonia ligeira) em cerca de 80% dos casos, sendo que a maioria dos casos recupera, 14% têm doença mais grave e 6% têm doença crítica. A grande maioria das doenças mais graves e mortes ocorreu entre pessoas idosas ou com outras doenças crónicas subjacentes (https://www.ecdc.europa.eu/en/current-risk-assessment-novel-coronavirus-situation).

O objetivo deste documento é proporcionar aos profissionais de saúde algum entendimento e conhecimento sobre os melhores cuidados que podemos prestar aos nossos doentes, particularmente àqueles que estão a receber tratamento imunossupressor/imunomodulador no atual contexto da epidemia de COVID-19.

Devido à urgência, a European Crohn’s and Colitis Organisation (ECCO) sugeriu reunir um grupo de gastroenterologistas com especial interesse em Infeções Oportunistas e especialistas em doenças infeciosas para disponibilizar regularmente orientações aos médicos da comunidade ECCO.

Esta orientação não substitui as recomendações das autoridades de saúde nacionais, devendo ser considerada como informação adicional, que será atualizada quando necessário, com base no nosso melhor entendimento sobre esta nova doença. Da mesma forma, as orientações que se seguem não são acompanhadas de nenhuma recomendação da ECCO.

Este documento tem o formato de entrevista a gastroenterologistas e especialistas em doenças infeciosas provenientes de vários países europeus, tendo sido revisto pelo Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO.

Este grupo de trabalho é constituído por membros do Consenso de Diretrizes de Infeção Oportunista, membros do Conselho de Administração da ECCO e especialistas em doenças infeciosas.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Ameaças, receios e desafios para a comunidade da DII: resultados do questionário da ECCO

Pouco se sabe sobre o novo coronavírus e o tratamento da COVID-19 em doentes com DII. Todos os gastroenterologistas estão a enfrentar problemas nunca antes vistos e a ausência de evidências fundamentadas torna o trabalho dos médicos ainda mais difícil. Por este motivo, a ECCO desenvolveu o estudo1 para investigar o atual tratamento dos doentes com DII e definir os receios e as dificuldades dos médicos durante o surto mundial de COVID-19. Com o apoio da ECCO, foi realizado um questionário anónimo online com 39 perguntas entre os dias 20 e 30 de março de 2020. Os membros da ECCO foram questionados sobre os receios, as estratégias terapêuticas/organizacionais e as medidas preventivas tomadas e recomendadas para evitar a disseminação da infeção. O questionário foi respondido por 813 médicos de 72 países, dos quais 591 (70,1%) responderam a todas as perguntas. Sessenta e seis médicos (10,4%) comunicaram casos de diagnóstico de COVID-19 em doentes com DII e a maioria dos hospitais comunicaram menos de dez casos (87,9%). A maioria dos inquiridos (54,4%) acredita que não há associação entre a DII e o risco acrescido de infeção, embora os medicamentos imunossupressores e biológicos tenham sido considerados como fatores predisponentes efetivos ou prováveis em 161 (26,2%) e 255 (41,5%) casos, respetivamente. Muitos médicos indicaram que têm receio do contacto físico com outras pessoas (45,1%), estão stressados (73,7%), têm receio de serem infetados (57,7%) ou de infetar os seus doentes (81,8%), estão preocupados em ficarem de quarentena (40,6%) ou de morrer por COVID-19 (30,3%). A maioria dos inquiridos usa proteções durante as consultas (72,2%) e recomenda aos doentes com DII que utilizem equipamento de proteção no seu quotidiano (53%). Em doentes com DII sem sintomas indicativos de infeção, o teste do SARS-CoV-2 não deve ser realizados (75,1%) e foi considerado desnecessário mesmo em doentes tratados com imunossupressores ou biológicos (62,8%). Por outro lado, em doentes com DII e com sintomas suspeitos, a realização do teste do coronavírus foi apoiada por 312 inquiridos (54,6). Cinquenta e cinco médicos (9,6%) interromperam preventivamente os tratamentos para a DII, e as consultas e o início de novos tratamentos biológicos foram adiados em 418 (73,2%) e 354 (62%) casos.

De acordo com os resultados do questionário e em linha com os boletins informativos da ECCO (https://ecco-ibd.eu/publications/covid-19.html) e as recomendações da IOIBD2, todos os médicos devem utilizar equipamento de proteção durante as consultas de ambulatório e recomendar a utilização destes equipamentos aos doentes durante as atividades da vida diária. Além disso, os tratamentos imunossupressores ou biológicos não devem ser preventivamente descontinuados em doentes com DII sem sintomas indicativos de COVID-19 e o teste do SARS-CoV-2 não deve ser realizado em doentes com DII sem sintomas indicativos de COVID-19. As consultas de ambulatório não urgentes devem ser adiadas, mas deve manter-se o início de novos tratamentos biológicos se a unidade de DII/hospital tiver condições para garantir medidas de proteção adequadas. Para finalizar, é necessário abordar outras questões. É necessário aprofundar a investigação sobre a possibilidade de os doentes com DII apresentarem um risco acrescido de contraírem COVID-19 e de os doentes que interrompem os tratamentos para a DII sofrem uma exacerbação da doença, resultando no seu internamento e cirurgia.

Entrevista realizada em nome do Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO a

Ferdinando D’Amico

Departamento de Ciências Biomédicas, Universidade Humanitas, Milão, Itália;

e Departamento de Gastroenterologia e Inserm NGERE U1256, Hospital Universitário de Nancy, Universidade de Lorraine, Vandoeuvre-lès-Nancy, França

Nota

Dada a natureza dinâmica da infeção e o constante desenvolvimento de informações e evidências, algumas destas orientações serão atualizadas regularmente, com base em recomendações personalizadas para cada região, de acordo com as melhores evidências.

Foi criado um projeto muito importante para reforçar o nosso conhecimento sobre esta nova doença nos nossos doentes com DII. Convidamo-lo/a participar.

O projeto é uma iniciativa global da International Organization for the study of IBD (IOIBD) que se destina a registar atempadamente casos comprovados de COVID-19 nos nossos doentes com DII. Encorajamos os médicos de DII em todo o mundo a comunicar TODOS os casos de COVID-19 nos seus doentes com DII, independentemente da gravidade (incluindo doentes assintomáticos detetados através da triagem de saúde pública). A notificação de um caso ao registo Surveillance Epidemiology of Coronavirus (COVID-19) Under Research Exclusion (SECURE)-IBD deve demorar cerca de 5 minutos. Devem ser comunicados apenas casos confirmados de COVID-19, e após ter passado tempo suficiente para observar a evolução até à resolução da doença aguda e/ou morte. Com a colaboração de toda a nossa comunidade de DII, poderemos definir rapidamente o impacto da COVID-19 nos doentes com DII e o impacto de fatores como a idade, comorbilidades e tratamentos para a DII nos resultados da COVID-19. Este projeto, incluindo um resumo de todos os dados recolhidos até à data, está disponível em: https://covidibd.web.unc.edu/

Referências

  1. D’Amico F, Peyrin-Biroulet L, Danese S. et al. Inflammatory bowel disease management during the COVID-19 outbreak: a survey from the European Crohn’s and Colitis Organization (ECCO). Gastroenterology 2020. Artigo no prelo.
  2. Atualização da IOIBD sobre a COVID19 para doentes com doença de Crohn e colite ulcerosa |IOIBD. Disponível em: https://www.ioibd.org/ioibd-update-on-covid19-for-patients-with-crohns-disease- and-ulcerative-colitis/ [acedido a 23 de abril de 2020].

Texto traduzido a 1 de maio de 2020 por Ana Sofia Correia para o website Doença de Crohn/Colite – Portugal.
Original (em inglês) disponível aqui.

NOVIDADES

5.ª entrevista do Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO, publicada a 14 de abril de 2020

ENQUADRAMENTO E INTRODUÇÃO

Após as primeiras notificações de casos de síndrome respiratória aguda na cidade chinesa de Wuhan no final de dezembro de 2019, as autoridades chinesas identificaram um novo coronavírus como o principal agente causador. O surto evoluiu rapidamente afetando outras regiões da China e outros países. Foram detetados casos em vários países asiáticos, bem como na Austrália, Europa, África, América do Norte e América do Sul. A 12 de fevereiro de 2020, o novo coronavírus passou a ser designado como síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2) e a doença associada é agora referida como COVID-19. A transmissão entre seres humanos foi confirmada, mas são necessárias mais informações para avaliar a extensão total deste modo de transmissão. As evidências da análise dos casos até à data indicam que a COVID-19 causa doença ligeira (isto é, não pneumonia ou pneumonia ligeira) em cerca de 80% dos casos, sendo que a maioria dos casos recupera, 14% têm doença mais grave e 6% têm doença crítica. A grande maioria das doenças mais graves e mortes ocorreu entre pessoas idosas ou com outras doenças crónicas subjacentes (https://www.ecdc.europa.eu/en/current-risk-assessment-novel-coronavirus-situation).

O objetivo deste documento é proporcionar aos profissionais de saúde algum entendimento e conhecimento sobre os melhores cuidados que podemos prestar aos nossos doentes, particularmente àqueles que estão a receber tratamento imunossupressor/imunomodulador no atual contexto da epidemia de COVID-19.

Devido à urgência, a European Crohn’s and Colitis Organisation (ECCO) sugeriu reunir um grupo de gastroenterologistas com especial interesse em Infeções Oportunistas e especialistas em doenças infeciosas para disponibilizar regularmente orientações aos médicos da comunidade ECCO.

Esta orientação não substitui as recomendações das autoridades de saúde nacionais, devendo ser considerada como informação adicional, que será atualizada quando necessário, com base no nosso melhor entendimento sobre esta nova doença. Da mesma forma, as orientações que se seguem não são acompanhadas de nenhuma recomendação da ECCO.

Este documento tem o formato de entrevista a gastroenterologistas e especialistas em doenças infeciosas provenientes de vários países europeus, tendo sido revisto pelo Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO.

Este grupo de trabalho é constituído por membros do Consenso de Diretrizes de Infeção Oportunista, membros do Conselho de Administração da ECCO e especialistas em doenças infeciosas.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

  1. ESTEROIDES, AZATIOPRINA, Inibidores da JAK, e BIOLÓGICOS: Dr JEKYLL e Mr HYDE
    O que devo aconselhar ao meu doente com DII em quarentena depois de um resultado positivo da COVID-19?

Para um doente em quarentena com um quadro clínico compatível com manifestação ligeira a moderada da COVID-19, e caso se trate de um caso raro de DII que necessite de esteroides sem qualquer alternativa, recomendo que os doentes continuem a tomar os esteroides, à dose mais baixa possível. Contudo, sugiro uma pausa nas tiopurinas e inibidores da JAK durante 7-14 dias após a recuperação clínica. A edição de abril do UEG Journal1 descreve a nossa experiência no Saint-Antoine sobre a relação entre as tiopurinas, os agentes anti-TNF e as infeções virais com necessidade de hospitalização. Durante um período total de observação superior a 15.000 doentes-ano (4.800 com tiopurinas e 3.800 com anti-TNF), não observámos óbitos, mas sim 31 casos de infeção viral grave (VEB, CMV, VVZ e VHS), principalmente nos doentes expostos a tiopurinas. Tofacitinib também mostrou ser um forte promotor de algumas infeções graves (VVZ).

No caso dos doentes expostos a agentes anti-TNF e outros biológicos, também recomendo o adiamento da injeção/perfusão por 7-14 dias após a recuperação clínica. Na nossa unidade de DII, mantemos uma interação constante com os nossos 2.600 doentes com DII (1.300 com exposição a agentes anti-TNF) durante a crise da COVID-19 (consultas telefónicas de rotina, hospital de dia para a administração IV de biológicas, chamadas de emergência). Até à data, não foram notificados casos críticos de COVID-19. Entre as várias explicações possíveis para este quadro encorajador (idade relativamente jovem, “imunidade treinada” graças à vacinação), poderíamos especular que os agentes anti-TNF poderão ter um papel protetor contra a transição da forma moderada para grave ou crítica da COVID-19. Todos sabemos que uma única perfusão de infliximab pode reverter a tempestade de citocinas ao nível digestivo ou sistémico na colite grave aguda ou, nos casos mais graves de colite, induzida por inibidores dos checkpoint imunológicos.2 Neste contexto, a equipa do Professor Beaugerie está, neste momento, a elaborar um estudo piloto para avaliar a eficácia de uma perfusão de infliximab em comparação com o melhor padrão de cuidados em doentes sem DII, mas com manifestações pré-críticas ou críticas de COVID-19.

  1. TESTE SEROLÓGICO, VAI AJUDAR NUM FUTURO PRÓXIMO?

Os testes serológicos medem a quantidade de anticorpos contra a COVID-19 presentes no sangue. Estão a ser desenvolvidos testes serológicos comerciais e não comerciais. Os testes devem ser exatos e fiáveis; nos EUA, a Food and Drug Administration autorizou um teste desenvolvido pela Cellex (qSARS-CoV-2 IgG/IgM Rapid Test). No Espaço Económico Europeu, há mais de 60 testes rápidos de anticorpos contra o SARS-CoV-2 no mercado. Além disso, há grupos de investigação que estão a desenvolver e validar alguns testes internos de deteção de anticorpos contra o SARS-CoV-2. Os testes serológicos podem ser facilmente implementados no laboratório clínico de qualquer hospital e não são tão dispendiosos como os NAAT (testes de amplificação do ácido nucleico).

Os testes serológicos não providenciam a deteção direta do vírus propriamente dito, mas sim a deteção da resposta do sistema imunitário à infeção, o que pode informar sobre a cinética desta resposta.

Nos primeiros dias da infeção por SARS-CoV-2, quando a resposta do sistema imunitário ainda está em construção, é possível que os anticorpos não sejam detetados. É por isso que os testes serológicos, se utilizados isoladamente, têm limitações no diagnóstico precoce da COVID-19. Não obstante, Guo e colaboradores3 detetaram uma resposta de anticorpos em doentes infetados utilizando um ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA), com base na proteína do nucleocapsídeo viral do SARS-CoV-2, logo no primeiro dia após o início dos sintomas, e a eficácia da deteção do teste IgM ELISA foi superior à do teste NAAT no dia 5,5 da doença. A combinação dos testes IgM ELISA e NAAT permitiu a deteção de 98,6% dos casos, enquanto um único NAAT detetou 51,9% dos casos. Devido às taxas elevadas de falsos negativos dos testes NAAT45, os testes serológicos serão um complemento útil à deteção de ARN.

Além disso, os testes serológicos podem ser importantes no tratamento dos doentes com COVID-19, na medida em que Zhao e colaboradores observaram que uma titulação mais elevada da resposta de anticorpos estava independentemente associada a uma pior evolução clínica6.

Em termos de saúde pública, os testes serológicos poderão ser cruciais no combate à pandemia, ajudando a identificar os indivíduos que superaram a infeção e que desenvolveram uma resposta imunitária. Os testes poderão ajudar a esclarecer quantas pessoas foram infetadas pelo vírus e a mapear níveis de imunidade nas comunidades.

Para além dos dados clínicos, os testes serológicos poderão ser utilizados para identificar os indivíduos que podem regressar ao trabalho, tendo em conta que são “imunes” à doença. E ainda, os resultados dos testes podem ajudar na seleção de indivíduos que possam doar plasma convalescente, um potencial tratamento para os doentes com manifestação grave da COVID-197. Os testes serológicos serão necessários para avaliar a resposta aos candidatos a vacina.

Algumas das perguntas ainda sem resposta, tais como se a infeção assintomática produz uma resposta imunitária protetora e durante quanto tempo uma pessoa infetada estará protegida contra a doença, poderão ser respondidas pela cinética dos anticorpos contra o SARS-CoV-2. São necessários muitos mais estudos antes de estes testes poderem ser implementados no rastreio generalizado da população, mas não há dúvida de que serão úteis.

  1. DEVEMOS RECOMENDAR A VACINA CONTRA A GRIPE E PNEUMOCÓCICA EM DOENTES COM DII IMUNOCOMPROMETIDOS E NÃO VACINADOS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19?

Os doentes com DII a receber tratamento imunomodulador apresentam um risco acrescido de gripe e doença pneumocócica, realçando que a prevenção de infeções é crucial nestes doentes89. A vacina contra a gripe e a vacina pneumocócica são recomendadas na maioria dos doentes com doenças autoimunes crónicas, incluindo os doentes com DII1011. Contudo, a taxa de vacinação contra a gripe e pneumocócica entre os doentes com DII continua a ser subótima. Especialmente durante a pandemia da COVID-19, deve ser evitada a ocorrência de outras infeções pulmonares e complicações nos doentes com DII em maior risco de desenvolver infeção por SARS-CoV-2.

A vacina contra a gripe está associada a um menor risco de morbilidade respiratória e mortalidade em doentes com doenças autoimunes e doentes a receber tratamento imunomodulador12. Deste modo, acredita-se que os doentes com doenças autoimunes, bem como os doentes com DII, parecem beneficiar da vacina, embora esta possa ser menos eficaz durante a imunomodulação10,11. Se for possível reduzir taxas de infeção de gripe no seguimento da vacinação anual, a vacina contra a gripe deve ser, por isso, considerada em todos os doentes com DII não vacinados, especialmente durante a pandemia da COVID-19. Nunca é tarde para vacinar pois a atividade da gripe pode durar até finais de maio, sendo provável que a coinfeção com SARS-CoV-2 intensifique a manifestação da doença nos doentes com DII. Dado que a imunidade à vacinação contra a gripe ocorre rapidamente, aos 10 dias após a imunização, a vacina contra a gripe deve ser considerada nos doentes com DII não vacinados, mesmo no fim da época. A vacinação contra a gripe neste momento, em conjunto com a vacinação no outono também pode amplificar a proteção contra o próximo surto sazonal e pode ser um bom preparativo para os doentes com DII caso o vírus da gripe e o SARS-CoV-2 surjam em simultâneo no outono deste ano.

O risco de infeção pneumocócica também é particularmente elevado em doentes com DII. Os doentes com DII imunocomprometidos têm maior risco de apresentar uma evolução mais complicada da doença9,13. Atualmente, várias diretrizes recomendam a vacina contra a infeção pneumocócica nos doentes com DII10,14.Estão disponíveis dois polissacarídeos pneumocócicos: a vacina pneumocócica 23-valente (PPSV23) e a vacina pneumocócica conjugada 13-valente (PCV13), que abrangem a maioria dos serotipos responsáveis pela doença invasiva pneumocócica. A vacinação primária é bem tolerada e induz respostas imunitárias robustas e prolongadas que duram até sete anos. Os doentes que ainda não receberam a vacina pneumocócica devem receber uma dose de PCV13 primeiro e, pelo menos 8 semanas mais tarde, uma dose de PPSV2315.

Para evitar infeções pulmonares adicionais, tanto a vacina pneumocócica como a vacina contra a gripe são altamente recomendadas nos doentes com DII durante a pandemia da COVID-19. É provável que o risco de superinfeção seja mais elevado nos doentes com DII com comorbilidades, malnutrição e idosos. Estes doentes devem ser incluídos na lista prioritária de vacinação em caso de disponibilidade limitada das vacinas.

Há que ter em conta que, pelo menos em alguns países, os programas de vacinação para os doentes com DII tenham sido temporariamente interrompidos na tentativa de evitar o contacto entre os médicos de família e os doentes. Dado que existe uma significativa variabilidade geográfica na vacinação pneumocócica e contra a gripe, as estratégias devem ser adaptadas de acordo com as diretrizes nacionais.

Entrevista realizada em nome do Grupo de Trabalho COVID-19 ECCO a

Laurent Beaugerie

Professor de Gastroenterologia
APHP St. Antoine Hospital
Paris, França

Cândida Manuela Ferreira de Abreu

Hospital de São João
Departamento de Doenças Infeciosas
Alameda Professor Hernâni Monteiro 4200-319 Porto
Portugal

Torsten Kucharzik

Diretor do Serviço de Gastroenterologia
Departamento de Medicina Interna e
Gastroenterologia
Hospital Lüneburg
Lüneburg, Alemanha

Nota

Dada a natureza dinâmica da infeção e o constante desenvolvimento de informações e evidências, algumas destas orientações serão atualizadas regularmente, com base em recomendações personalizadas para cada região, de acordo com as melhores evidências.

Foi criado um projeto muito importante para reforçar o nosso conhecimento sobre esta nova doença nos nossos doentes com DII. Convidamo-lo/a a participar.

O projeto é uma iniciativa global da International Organization for the study of IBD (IOIBD) que se destina a registar atempadamente casos comprovados de COVID-19 nos nossos doentes com DII. Encorajamos os médicos de DII em todo o mundo a comunicar TODOS os casos de COVID-19 nos seus doentes com DII, independentemente da gravidade (incluindo doentes assintomáticos detetados através da triagem de saúde pública). A notificação de um caso ao registo Surveillance Epidemiology of Coronavirus (COVID-19) Under Research Exclusion (SECURE)-IBD deve demorar cerca de 5 minutos. Devem ser comunicados apenas casos confirmados de COVID-19, e após ter passado tempo suficiente para observar a evolução até à resolução da doença aguda e/ou morte. Com a colaboração de toda a nossa comunidade de DII, poderemos definir rapidamente o impacto da COVID-19 nos doentes com DII e o impacto de fatores como a idade, comorbilidades e tratamentos para a DII nos resultados da COVID-19. Este projeto, incluindo um resumo de todos os dados recolhidos até à data, está disponível em: https://covidibd.web.unc.edu/

Referências:

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Texto traduzido a 15 de abril de 2020 por Ana Sofia Correia para o website Doença de Crohn/Colite – Portugal
Original (em inglês) disponível aqui